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Ramiro Batista

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Voto de FHC em Lula revela afinidade histórica com lulismo

24 de maio de 2021 por Ramiro Batista Deixe um comentário

Ao declarar voto em Lula, em caso de segundo turno contra Bolsonaro, FHC prioriza suas afinidades mais com o lulismo do que com seus aliados e eleitores.

>>>Texto base do vídeo a seguir:

FHC é um lulista enrustido? O que significa ser um lulista? O que significa ser mais lulista que FHCeísta?

A questão voltou à pauta nesta semana com a decisão do ex-presidente de declarar voto em Lula, em caso de ser a única oposição contra Bolsonaro no segundo turno da próxima eleição.

Colocou fogo no parquinho político, porque passou por desrespeito aos aliados do PSDB que fizeram sua carreira enfatizando suas diferenças com o petista. E traição ao eleitorado que votou nele e no seu partido em oposição a tudo o que o lulismo representava para esse eleitorado.

Mais do que isso, passou por cima do sentimento de uma legião de admiradores que sofreram com ele os 20 anos de ataques do PT, que sempre o tratou como estorvo nacional, como disse Roberto Freire.

Desde o primeiro dia em que colocou o pé no Planalto, em 2003, Lula colocou como quase missão de vida apagar toda a história do Brasil antes dele, inclusive e principalmente FHC. Que foi carimbado como neoliberal da elite reacionária que entregava o país desde 1500.

A pancadaria fez FHC tuitar para deixar mais clara sua posição.

“Reafirmo, para evitar más interpretações: PSDB deve lançar candidato e o apoiarei; se não o levarmos ao segundo turno, neste caso não apoiarei o atual mandante, mas quem a ele se oponha, mesmo o Lula.”

Mas não deixou de ressuscitar a acusação de ter sido um traidor da causa liberal, de ter feito concessões demais à esquerda e ter inventado quase tudo o que o PT viria a fazer no poder. Como traduz Olavo de Carvalho neste vídeo em que, instado a responder que político deveria ser banido da história, ele crava Fernando Henrique Cardoso.

Ele não inventou o MST, que já existia e já apanhava dos governos anteriores. Mas foi de longe o primeiro governante que deu asas ao movimento, concedeu o maior número de terras e fez mais reforma agrária do que a Dilma Rousseff.

Mas, de fato, é bem razoável dizer que ele tem muito mais afinidades com a esquerda e com Lula do que com a direita que os dois convenceram para ganhar votos em determinados momentos de suas carreiras.

FHC e Lula caminharam juntos no final da ditadura militar, quando os intelectuais se aproximaram daquele líder de massas da classe trabalhadora que sacudia a oposição ao regime.

FHC panfletou junto com Lula, teve seu apoio como candidato a senador e caminharam juntos até o fim da ditadura, quando foram cada um para um lado, mas sem perder de vista possibilidades de aliança.

Lula já cavalgava o seu partido de vocação marxista, proletária, contra o capital e contra as elites. FHC rompia com o PMDB e fundava o PSDB, mais classe média, mais intelectual, mais social democrata nos moldes dos modernos partidos europeus.

Passaram a competir eleitoralmente a partir de 1994, quando FHC montou no cavalo do Plano Real, uma das mais geniais engenharias econômicas que destruiu uma inflação de quase 100%. E Lula continuava a combater qualquer arranjo institucional como opressão da capital e das elites.

Mas no poder ficou claro que convergiam em quase tudo. Fizeram ambos um governo de cunho social democrata, de forte presença do Estado na indução da economia, criaram e ampliaram programas sociais e fizeram privatizações e reformas draconianas para reduzir o tamanho do Estado.

Ambos facilitaram a vida do capital e, para fazer suas reformas, se associaram a todas as elites do atraso, na economia e na política. Para um PFL/ DEM e seus satélites que deram base a DFHC, teve o MDB que segurou a onda de Lula.

Ambos formaram suas esquipes com homens de esquerda, da mesma origem lá da Maria Antônia, a rua onde ficava a sede da Faculdade de Filosofia da USP e do Mackenzie, de onde saíram os cérebros que combateram a ditadura e iriam compartilhar o condomínio do poder depois da redemocratização: José Dirceu, José Serra, Paulo Bernardo, Mercadante, etc.

Particularmente, acho que há razões para acreditar que FHC fez mais concessões à esquerda do que deveria ter feito a seus aliados e eleitores. 

E o marco disso é um certo corpo mole na campanha de seu sucessor, José Serra, em 2002, que deu vitória a Lula e abriu o reinado petista. Não arregaçou as mangas. Foi para a luta de nariz empinado, meio como magistrado, entre os dois candidatos.

Não denunciou a grande diferença que havia em seu projeto contra o projeto petista, porque, na verdade, não acreditava que deveria haver diferença ou não tinha coragem de mostrar que havia.

E aí entra o que eu acho o principal de sua personalidade, que é mais a vaidade intelectual do suas crenças e seus compromissos históricos. 

Vaidade intelectual no Brasil está relacionada a ser de esquerda, a acreditar num mundo igualitário, idílico, de forte preocupação social. Que era o que Lula vinha monopolizando naquela campanha.

Se você pesquisar o noticiário à época, perceberá uma onda lulista incontrolável, carregada por estudantes, classe média e sobretudo os… intelectuais na universidade e na imprensa. Lula já tinha abatido todos os preconceitos que havia contra ele, de ser analfabeto e despreparado.

Claro que FHC não teve coragem de se colocar contra essa onda, para não ferir seus brios intelectuais. Bater pesado em Lula e suas crenças significava assumir o título de neoliberal privatista da elite reacionária reacionária que entregava o país, que o petismo vinha lhe impingindo com muita competência, para fazer muito parecido depois.

(O quanto você ouviu de que ele entregou a Vale a perco de banana e que queria entregar a Petrobras para os gringos?)

Essa covardia de evitar o conflito para não deslustrar sua biografia é que o fez abaixar a cabeça ali e nos anos seguintes, como se tivesse incorporado a imagem que o lulismo fez dele. Deixar prevalecer e incorporar uma visão de mundo lulista à sua psiquê.

Ser enfim mais lulista que FHCeísta. E deixar o lulismo fazer o samba que fez até pelo menos a campanha eleitoral de 2014, quando Aécio Neves virou o jogo no combate duro contra Dilma e o PT e o ampliou no jogo do impeachment, ano e meio depois.

Enfim, como candidato e presidente do PSDB, teve coragem de dizer que havia diferenças entre eles. Mesmo que fossem, naquele momento, apenas eleitorais.

A partir daí, ficaram enfim inimigos de fato, mas nunca em se tratando de FHC. Que nunca perdeu uma oportunidade de retribuir generosidades a um Lula que nunca lhe pediu e nem lhe deu nada, a não ser pancada.

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Sobre Ramiro Batista

Sou escritor e jornalista formado em Letras e Literatura, Comunicação e Marketing, experiente em escrever, editar, publicar, engajar e promover pessoas e ideias. Compartilho tudo o que sei sobre o uso de ferramentas de comunicação para conquistar e manter poder.

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