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Ramiro Batista

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Que tal começar a ler os sites de notícia de baixo para cima?

17 de maio de 2018 por Ramiro Batista Deixe um comentário

Que tal começar a ler os sites de baixo para cima?
Que tal fugir do topo irritante para o rodapé dos sites, atrás do milho que realmente importa? (Foto Graphicstock)

Olha só.

Antes de mergulhar de propósito no fundo do oceano o Boeing 777 da Malaysia Airlines, que ia de Kuala Lumpur a Pequim, em março de 2014, o piloto Zaharie Ahmad Shah despressurizou a cabine para desmaiar as outras 238 pessoas a bordo e deu uma quebrada de asa fora da rota para olhar pela última vez sua cidade natal, Penang.

A revelação nesse domingo por especialistas reunidos pelo programa jornalístico 60 Minutes, da Austrália, teria me passado despercebida se eu não tivesse navegando pelo pé dos sites de notícia, onde de fato estão as grandes questões da humanidade.

A matéria, sem nenhum destaque relevante, sob foto 4×6, estava no Estadão. Mas, no pé da Folha de S. Paulo, era possível saber, sob apenas uma linha, que o Universo já formava estrelas desde bebê.

Cientistas da Universidade Osaka Sangyo, no Japão, observaram que as primeiras estrelas derivadas da explosão do Big Bang, há 13,8 bilhões de anos anos, já começaram a pipocar pouco tempo depois, uns 250 milhões de anos.

O que quer dizer que, considerando o Universo um senhor de 50 anos, como compara o autor da matéria, Salvador Nogueira, pode-se dizer que ele produziu suas primeiras estrelas ao primeiro ano de vida. Na mamadeira cósmica ainda.

Quer mais?




Em O Globo, era possível saber numa manchetinha, sob fotinha de 3×4,5, que estudo já consegue distinguir se cânceres já nascem malignos ou não. Ou ainda que descobriram oxigênio no ponto mais distante do mesmo Universo que pariu estrelas ainda bebê.

O pé o site da Veja trazia — vá lá, com uma grande e bela foto de um grande e belo casal na cama — um texto de serviço sobre qual a hora certa para se retomar a vida sexual depois do parto. Em se considerando que, calma lá, há que se esperar pelo menos quatro a seis semanas o processo de recuperação do corpo.

O nosso Uai aqui, que puxa grandes destaques de outras publicações do grupo Diários Associados e da TV Alterosa, revelava que a depressão afeta tanto o cérebro quanto o Alzheimer.

Para não deixar de falar da concorrência, é de se registrar que O Tempo trazia um destaque de título morno, “Vivendo a Morte”, para esconder um interessante especial sobre os cuidados que devem ser dispensados a quem está em processo de doença terminal.

Você não devia estar sabendo nada disso porque como todo mundo e eu até anteontem nunca procurou saber o que anda pelo pé dos jornais. Porque talvez precisem, como eu até ontem, de tentar fugir desesperadamente do noticiário insuportável do topo.

Que, além de praticamente igual e até com manchetes escritas do mesmo modo em todos eles, é um desfilar recorrente de corrupção, crimes e conversa fiada.




Ou é aquele enésimo caso de que um enésimo ministro contratou um enésimo serviço superfaturado do enésimo amigo de enésimas relações em Brasília. Ou a enésima vítima do enésimo assaltante, que também pode ter sido abatida pela enésima bala perdida no Rio. Ou o enésimo debate sobre se o juiz deveria ou não ter posado ao lado do candidato, se o procurador deveria ou não ter dito o que falou ou se policial fora do serviço deve reagir se atacado de arma em punho.

>>>A propósito, no jeito duro e afiado de sua coluna Opinião Sem Medo, também quase no rodapé do Uai, Ricardo Kertzmann parece mostrar o mesmo tipo de esgotamento numa paulada merecida e sem dó na GloboNews pelo debate fora de hora sobre se a mãe que matou o assaltante em legítima defesa na porta da escola, diante filho, deveria estar armada.

No setor de conversa fiada, tem ainda toda a ânsia todos os dias rediscutida de se achar um candidato menos chuchu para o PSDB. Ou um menos comprometido com o presidente no MDB. Ou ainda um terceiro herdeiro do ex-presidente preso.

Tanta coisa mais importante no mundo e nós e os editores, como dizia Raul Seixas, aqui na praça dando milho aos pombos.

Menos eu, que, pelo menos por enquanto, vou continuar catando o milho que importa no pé dos sites.

Aconselho você a fazer o mesmo.

No meu caso, como se viu, optei pelas grandes questões relacionadas a nascimento e morte, por terem a ver com certo estado atual meu. Mas você achará por lá ótimas receitas de bolo, grandes dicas de emagrecimento e beleza, roteiros de lazer e de arte. Tão importantes quanto.




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Sobre Ramiro Batista

Sou escritor e jornalista formado em Letras e Literatura, Comunicação e Marketing, experiente em escrever, editar, publicar, engajar e promover pessoas e ideias. Compartilho tudo o que sei sobre o uso de ferramentas de comunicação para conquistar e manter poder.

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