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Ramiro Batista

Política, Comunicação e Escrita Criativa

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Por que o fiel de Lula precisa de mais do que provas contra ele?

11 de abril de 2017 por Ramiro Batista 5 Comentários

Por que o lulismo precisa mais do que provas contra Lula
Se o lulismo é uma religião e Lula seu Deus, porque não aceitar que ele e você podem ter errado? (Foto Ricardo Stuckert)

O lulismo, como se sabe, é uma religião e Lula é seu Deus. Tem seguidores fiéis, alguns capazes de atos inimagináveis, em todas as camadas sociais.

A mim surpreende em especial que os tenha entre intelectuais brilhantes, sobretudo os professores das áreas de Humanas que foram — ou deveriam ter sido — treinados para pensar e ensinar a pensar com independência.

Quase desmonto quando ouço alguns deles escrever ou dizer que não há provas, mas “convicções” de um grupo de procuradores midiáticos com um juiz parcial em conluio com o grande capital e a grande mídia que ele teria contrariado.

Já tive vontade de parar diante de um deles e, em nome da nossa amizade, pedir humildemente que desenhe para mim:

— Você acredita mesmo que não há qualquer prova contra ele? O que são as obras no sítio e no apartamento da praia pelas duas principais empreiteiras amigas – OAS e Odebrecht —, a cobertura comprada por um laranja sob orientação do melhor amigo, a compra do terreno para o Instituto Lula, as palestras contratadas para pagar o lobby nos países amigos com dinheiro do BNDES, o pagamento aos marqueteiros de campanha com dinheiro no exterior?…

Já pensei também em interromper uma palestra como a que deram outro dia dois dos grandes inspiradores desse contingente, os professores Fábio Wanderley Reis e Leonardo Averitzer. E fazer a mesma pergunta que se faz em botequim:

— Vocês acreditam mesmo nisso? Os indícios, as circunstâncias, as testemunhas já condenadas que comprovam tudo isso… não valem nada? É apenas um jogo das elites contra o candidato proletário?

Mas o ambiente está belicoso e incendiário demais para eu tomar coragem. E qualquer criança aprende desde cedo que não se brinca com a religião dos outros. Não se duvida da fé alheia. Um grande e sábio amigo resumia: “nunca se deve acordar quem está dormindo”.

Vou me irritar porque vou ouvir de gente que respeito que “não há provas, há convicções” e, no auditório, vou levar uma vaia. Porque o ambiente belicoso e incendiário está também contaminado. É desse barro que estão sendo preparados os alunos das áreas de Humanas, principalmente na universidade pública.

E se for mesmo convicção?

Policiais, delegados, procuradores e juízes agem, sim, por convicção a partir dos indícios, circunstâncias, motivações e contradições das testemunhas. Policiais, delegados, procuradores e juízes experientes têm história e experiência suficiente para perceber dissimulações num olhar, num desvio, numa traição dos músculos da face, do corpo. E, claro, para discernir entre indícios bons ou podres.

Seus julgamentos vão subindo de escala, do policial para o delegado, do delegado para o procurador, do procurador para o juiz e deste paras as cortes superiores em que as convicções vão se firmando. O policial pode estar errado, o delegado pode estar mais ou menos inconvicto, o procurador não tão certo, o juiz quase certo, mas a soma das opiniões do grupo de magistrados no alto, dificilmente estará. Não é possível enganar todo mundo o tempo todo.

O goleiro Bruno, por exemplo, foi condenado sem um corpo. Porque houve/há um consenso para além de toda dúvida razoável que ele foi o mandante.

Então, prova em si não é imprescindível. Provar que alguém entregou dinheiro em espécie a Lula não é imprescindível se abundarem testemunhas, confrontações, provas documentais, sinais de riqueza, ganhos sem origem declarada, motivação e, claro, ampla defesa. Que Lula e seus advogados prefiram atacar que esclarecer, o problema é deles, o risco é deles.

Mas por que será que, com tantos motivos para se acreditar no mais óbvio, que Lula cometeu fraquezas que esperavam não ser descobertas, pessoas tão inteligentes preferem acreditar no contrário?

As armas da persuasão

Me ocorreu uma das seis armas da persuasão que o psicólogo social e professor americano de Psicologia e Marketing, Robert Cialdini, lista no seu best-seller. A que explora a necessidade atávica humana de coerência e compromisso:

Como já escrevi neste artigo, o ser humano tende a torcer por suas escolhas depois de feitas, mesmo ruins, e continuar apostando nelas mesmo quando erradas para manter a coerência do compromisso. Apostadores de loterias tendem a acreditar mais no investimento que fizeram logo após a compra do bilhete, casais justificam suas escolhas para manter casamentos fracassados, pais compram em fevereiro aquele presente que não acharam no Natal para cumprir o compromisso com o filho. Por isso empresas pedem para você preencher formulários ou responder pesquisas e vendedores de cursos online solicitam curtidas, comentários e compartilhamentos. Uma vez comprometido, você fica meio refém de sua escolha.

– Depois que fazemos uma opção ou tomamos uma posição — escreve Cialdini —, deparamos com pressões pessoais ou interpessoais exigindo que nos comportemos de acordo com esse compromisso. Pressões que nos farão reagir de maneira que justifiquem nossas decisões anteriores.

Lula teria sido então uma escolha tão funda e consistente para atender sabe-se lá que traumas, desejos ou sonhos reprimidos, que o sofrimento pode ser muito maior se se tiver que acreditar que pode-se ter feito a escolha política errada. Ou fez-se a certa, mas o mundo e as circunstâncias mudaram.

Se mudaram, por que não mudar com elas? Manter a coerência e o compromisso, no entanto, como num casamento fracassado, é mais confortável.

Penso que a cura passe por admitir com profunda humildade que se errou. Tanto Lula quanto seu fiel. Por que Lula não pode errar? Por que Deus não pode errar? Por aí, talvez seja possível descobrir que, se Ele errou, se seu Deus errou, você também pode.

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Sobre Ramiro Batista

Sou escritor e jornalista formado em Letras e Literatura, Comunicação e Marketing, experiente em escrever, editar, publicar, engajar e promover pessoas e ideias. Compartilho tudo o que sei sobre o uso de ferramentas de comunicação para conquistar e manter poder.

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Comentários

  1. O Demolidor diz

    20 de abril de 2017 em 10:03

    Erra quando diz que delegados, juizes e procuradores agem por convicção. Se agem assim, não deveriam, devem existir provas formais do delito, nenhum juiz condena por ter convicção que o réu é culpado, ele deve se basear em provas que incriminem de fato a quem está acusando. Escuto isto desde o primeiro ano da Faculdade de Direito, será que devo rasgar meu Diploma?

  2. joao doria diz

    16 de abril de 2017 em 19:57

    O texto é para refleção.

  3. Mauro Lopes diz

    15 de abril de 2017 em 14:24

    São todos uma corja de ladrões, safados, corruptos, que deviam ser amarrados no poste e chicoteados até a morte. O mundo só será bom quando se matar o último padre (ou evangélico) e com suas tropas se enforcar o último político.

  4. Afonso Lemos diz

    14 de abril de 2017 em 12:42

    Parabéns, bom texto.

  5. Cristiano Marques diz

    11 de abril de 2017 em 10:34

    Tudo muito complexo.
    Já parou pra pensar por que em todas pesquisas Lula está na frente?
    Foi o governo mais proveitoso dos últimos tempos.
    O de FHC tb foi mas o governo Lula veio depois.
    Então, não é só a paixão, o Deus em jogo, tem razão nisto também.
    Corrupção ‘a parte, claro.

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