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Ramiro Batista

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O jeito Pedro Juan Gutierrez de ser livre

19 de julho de 2012 por Ramiro Batista Deixe um comentário

Uma bela cacetada esse Animal Tropical, de Pedro Juan Gutierrez. Um escritor dividido entre uma prostituta cubana e uma executiva sueca, o espírito livre de uma e o jeito reprimido da outra, transitando entre o centro degradado de Havana e as ruas limpas de Estocolmo.

Meio autobiografia, em que não se sabe onde começa e termina a verdade, trata do próprio Pedro Juan Gutierrez, um animal de espírito e trânsito livres nos salões literários do mundo, que, ao se apaixonar pela despudorada Glória, deixa bastante claro onde prefere ficar. É do universo de ladrões, prostitutas e proxenetas da cidade   em ruínas que ele tira/tirou o material bruto – e lírico – para seus grandes livros: Trilogia Suja de Havana e O Rei de Havana.

– Diante de nós, Havana molhadinha, sofrendo com o vento e o salitre. Havana arruinada, caindo aos pedaços. Ama-se uma cidade quando ali se foi feliz e se sofreu. Quando se amou e se odiou. Quando se ficou sem um centavo no bolso, batalhando pelas ruas, para depois se recuperar e agradecer a Deus por tudo não ser uma merda. Se não se tem história onde se viver, a gente é como um grão de pó voando no vento.

Não é para crianças e espíritos sensíveis, porém. Não se vira uma página sem que se leia um palavrão ou a descrição crua de uma cena malabarista de sexo. O homem que se sabe um animal tropical exótico pelos olhos do mundo busca seu espaço, sua individualidade e talvez sua forma de resistência num erotismo explícito, para horrorizar os desprevenidos.

Nas mãos de um amador, talvez passasse por pornografia de baixa qualidade ou uma forma sutil de defender o regime cubano, na medida em se deixa subentendida a ideia de que se pode   – pelo do ponto de vista peculiar dos escritores – ser mais livre em Cuba do que na Suécia. E é bem possível que viva sem ser incomodado na terra de Fidel Castro por causa desse discurso sub-reptício. Mas aqui se trata de um grande escritor, a quem não se pode fazer acusações fáceis.

Animal Tropical é a caminhada do anti-herói sem lugar no mundo, procurando entender a razão da existência, aquele lugar íntimo e intraduzível de afirmação que independe do espaço físico.

– Não consigo separar artificialmente o que faço e penso daquilo que escrevo. Se estivesse em Estocolmo, minha vida talvez fosse lenta, monótona, cinzenta. A única coisa que posso fazer sempre, em Estocolmo, em Havana, onde for, é construir meu próprio espaço. Não posso esperar que ninguém me dê a liberdade.

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Sobre Ramiro Batista

Sou escritor e jornalista formado em Letras e Literatura, Comunicação e Marketing, experiente em escrever, editar, publicar, engajar e promover pessoas e ideias. Compartilho tudo o que sei sobre o uso de ferramentas de comunicação para conquistar e manter poder.

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