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Ramiro Batista

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O dia em que a Jornada do Herói se encontrou com o Ponto de Virada

17 de março de 2020 por Ramiro Batista 1 comentário

Quando a jornada do herói encontrou o ponto de virada

Digamos assim: um dia o antropólogo Joseph Campbell encontrou o roteirista Syd Field e nunca mais o cinema foi o mesmo.

Nem os romances em livro ou toda história bem contada, desde que você queira prender o leitor/telespectador no sofá.

O primeiro estabeleceu de forma definitiva, em 1949, a Jornada do Herói, o rito básico que está na ascensão, expiação e redenção de todos os mitos clássicos, desde Jesus, Moisés e Buda.

Descrita no livro O Herói de Mil Faces, daquele ano, ela foi descoberta e adotada pelos produtores da Disney em 1978, quando Syd Field se preparava para lançar o seu Manual do Roteiro, de 1979.

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Foi quando a Jornada do Herói se encontrou com o Ponto de Virada, em que os ritos de passagem do protagonista passaram a ser demarcados em momentos precisos de um roteiro.

Assim, as três fases centrais da jornada do mito — a partida, a iniciação e o retorno — se encaixaram nos três blocos/capítulos pelos quais o herói irá passar na sua jornada de provação, enfrentamento e aprendizado.

O herói deixa a zona de conforto na primeira, enfrenta o inimigo até o fundo do poço de onde vai para a segunda, que o obrigará a tomar a decisão que o encaminhará para um final não necessariamente feliz, mas sempre moral. O retorno e o aprendizado.

Prestando atenção, você verá que o padrão está em toda grande história dos mitos modernos, Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Eva Peron. No cinema, da Ariel de A Pequena Sereia, no Neo de Matrix, em Rocky Balboa e no Luke Skywalker de Star Wars.

Mas vamos por partes.

A jornada de Campbell e Vloger

Estudioso da obra de James Joyce, o antropólogo norte-americano Joseph Campbell tirou de Finnegan’s Wake a expressão “monomito”.

Criava com ele o conceito da Jornada do Herói que aparece em seu livro O Herói de Mil Faces (The Hero with A Thousand Faces), de 1949.

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Descobriu que a jornada dos grandes mitos clássicos, Jesus, Maomé, Buda, Osíris ou Prometeu, por exemplo, passava por três estágios — Partida, Iniciação e Retorno — que se desdobravam em 12 passos.

Divididos dentro de três blocos principais: Partida e Separação; Descida, Iniciação e Penetração, Retorno.

Literalmente:

  1. Partida, separação
    1. Mundo cotidiano
    2. Chamado à aventura
    3. Recusa do Chamado
    4. Ajuda Sobrenatural
    5. Travessia do Primeiro Limiar
    6. Barriga da baleia
  2. Descida, Iniciação, Penetração
    1. Estrada de Provas
    2. Encontro com a Deusa
    3. A Mulher como Tentação
    4. Sintonia com o Pai
    5. Apoteose
    6. A Grande Conquista
  3. Retorno
    1. Recusa do Retorno
    2. Voo Mágico
    3. Resgate Interior
    4. Travessia do Limiar
    5. Senhor de Dois Mundos
    6. Liberdade para Viver

Veja que eles se encaixam na estrutura básica de narrativa clássica (Apresentação, Desenvolvimento, Resolução) e, como se verá mais adiante, nos ritos de passagem que estão na sua história de vida e nos mitos de ficção que você admira.

Na anos 70, o roteirista e executivo de Hollywood, Christopher Vogler, desenvolveu para a Disney um memorando que adaptava essa jornada para a saga do herói cinematográfico.

Sua divisão literal é a seguinte:

  1. Mundo Comum – O mundo normal do herói antes da história começar.
  2. O Chamado da Aventura – Um problema se apresenta ao herói: um desafio ou a aventura.
  3. Reticência do Herói ou Recusa do Chamado – O herói recusa ou demora a aceitar o desafio ou aventura, geralmente porque tem medo.
  4. Encontro com o mentor ou Ajuda Sobrenatural – O herói encontra um mentor que o faz aceitar o chamado e o informa e treina para sua aventura.
  5. Cruzamento do Primeiro Portal – O herói abandona o mundo comum para entrar no mundo especial ou mágico.
  6. Provações, aliados e inimigos ou A Barriga da Baleia – O herói enfrenta testes, encontra aliados e enfrenta inimigos, de forma que aprende as regras do mundo especial.
  7. Aproximação – O herói tem êxitos durante as provações
  8. Provação difícil ou traumática – A maior crise da aventura, de vida ou morte.
  9. Recompensa – O herói enfrentou a morte, se sobrepõe ao seu medo e agora ganha uma recompensa (o elixir).
  10. O Caminho de Volta – O herói deve voltar para o mundo comum.
  11. Ressurreição do Herói – Outro teste no qual o herói enfrenta a morte, e deve usar tudo que foi aprendido.
  12. Regresso com o Elixir – O herói volta para casa com o “elixir”, e o usa para ajudar todos no mundo comum.

>>> Entenda melhor no artigo O que você e sua história tem a ver com a jornada e os pontos de viradas do herói

Os pontos de virada de Syd Field

Roteirista, produtor e criador de séries de sucesso dos anos 60, Syd Field escreveu o seu Manual do Roteiro, de 1979, depois de ler e resumir mais de 2 mil filmes para a Cinemobile Systems.

Com o mesmo espírito antropológico de Campbell, descobriu um padrão nos 40 melhores filmes que sistematizou numa estrutura básica que virou regra em Hollywood e da maioria dos filmes a partir daí.

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Com três atos bem definidos:

  1. o de Apresentação, em que se apresentam o personagem, sua premissa e seu problema;
  2. o da Confrontação, em que enfrenta os problemas; e
  3. o da Resolução, que encaminha a solução.

Cunhou a expressão Ponto de Virada para marcar a passagem do primeiro para o segundo e deste para o terceiro ato, demarcando os dois incidentes cruciais de mudança que empurravam a história.

Alguns filmes podem ter vários pontos de virada, mas ele carimbou esses dois como indispensáveis: o primeiro em que o herói sai de sua zona de conforto e vai a luta e, o segundo, em que vence ou perde e encaminha a solução.

Assim:

Ato I, Apresentação – Em que se apresenta o personagem em seu ambiente e se acena com algum acontecimento que vai tirá-lo de sua zona de conforto e jogá-lo em novo mundo. Termina no…
Ponto de Virada 1 – Em que um acontecimento muito relevante o empurra, querendo ou não, para outro mundo e seus perigos.
Ato II, Confrontação – Em que se desenrola a maior parte do ação. Ele vai enfrentar todas as dificuldades, que vão se complicando até chegar ao fim do Ato II e o…
Ponto de Virada II – Em que alguma ação marcante vai sinalizar para a possibilidade de solução.
Ato III, Resolução – Em que se desenvolve a solução, ainda que com alguns percalços.

Chegou a criar um modelo matemático, estabelecendo esses Pontos de Virada aos 25% e aos 75% da trama, páginas 25 e 75 do roteiro ou cerca de 25 e 75 minutos de um filme de 100. Num filme de 120, aos 30 e aos 90.

Escreveu no seu clássico Manual do Roteiro:

“Da próxima vez que for ao cinema, veja se pode localizar os pontos de virada do Ato I e Ato II. Todos os filmes que você vir terão pontos de virada definidos. Tudo o que você tem a fazer é achá-los Perto dos 25 minutos de filme um incidente ocorrerá. Descubra qual é, quando ele ocorre. Pode ser difícil a princípio, mas quanto mais exercitado mais fácil se torna. Confira no seu relógio.”

Posteriormente, outros estudiosos e cineastas, na prática, foram incorporando novos pontos que tornaram a sua teoria ainda mais parecida com a da jornada de Campbell e Vogler.

  1. Um ponto de menor intensidade aos 10% do roteiro, em que se anuncia que algo vai acontecer antes do primeiro Ponto de Virada. O Chamado à Aventura.
  2. O fundo do poço, na metade do roteiro, em que o herói descobre uma alavanca que sinalizará a escapada que o levará aos segundo Ponto de Virada. A Provação difícil ou traumática.
  3. Outro ponto de menor intensidade aos 90%, depois do segundo Ponto de Virada, em que alguma coisa acontece que pode antecipar ou estragar o final feliz. O Caminho de Volta.

>>> Leia em O que sua história tem a ver com a jornada e os pontos de virada dos heróis

Mais um pouco e Syd Field e seus seguidores acabariam por chegar aos 12 passos do mito clássico de Campbell, que Vogler detalhou, com impacto imenso na indústria cinematográfica e na forma dos escritores verem cinema. Ou lerem uma boa história.

O encontro produziu crítica cerrada a Field pelo que seria o engessamento do roteiro. Mas a questão é que o modelo é tão bom e indiscutível, que, desde então, ninguém conseguiu colocar algo melhor no lugar.

Renovam-se e subvertem-se as formas de contar uma história, sob novas rupturas e novos ciclos de tempo, mas a base permanece a mesma.

É sempre sobre um herói saindo de um lugar para chegar a outro, com seus pontos de virada no caminho.

Veja mais livros sobre escrever roteiros:

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Arquivado em: ESCRITA CRIATIVA Marcados com as tags: escrever roteiro, melhores filmes, melhores roteiristas

Sobre Ramiro Batista

Sou escritor e jornalista formado em Letras e Literatura, Comunicação e Marketing, experiente em escrever, editar, publicar, engajar e promover pessoas e ideias. Compartilho tudo o que sei sobre o uso de ferramentas de comunicação para conquistar e manter poder.

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  1. Odorico Paraguassu não envelheceu como símbolo desde O Bem Amado disse:
    11 de junho de 2021 às 07:48

    […] deve à coerência dramática que Dias Gomes conseguiu imprimir do primeiro ao último capítulo, a jornada do herói que persegue obcecado seu destino, tenta diversas vezes até a a encruzilhada […]

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