• Skip to main content
  • Pular para sidebar primária
  • Pular Rodapé

Ramiro Batista

Política, Comunicação e Escrita Criativa

  • MEUS ARTIGOS
    • POLÍTICA & PODER
    • MÍDIA e PODER
    • ESCRITA CRIATIVA
  • MEUS LIVROS
  • MEU SITE
  • MEU CONTATO

Como Titanic, Samarco conseguiu a manchete que não queria

31 de janeiro de 2016 por Ramiro Batista 2 Comentários

ReproduçãoO triunfo do homem sobre a natureza. O marketing do Titanic que pretendia sintetizar as conquistas da era industrial, no início do século XX, me veio à cabeça com a notícia de que um engenheiro alertara a Samarco sobre os riscos da barragem um ano antes da avalanche que virou marca mundial de descuido ambiental.

Agora que a PF decidiu indiciá-la por leniência na manutenção dos equipamentos de monitoramento das barragens (piezômetros), me lembrei da cena do filme campeão de bilheteria de James Cameron (1998) em que técnicos e comandante informam ao dono que o navio só teria mais duas horas de vida depois de rasgar 90 metros do casco num iceberg.

O dono havia pressionado os marinheiros por mais velocidade apesar do gelo, sonhando com uma manchete de jornal em Nova Iorque que consagrasse sua façanha tecnológica, capaz de dominar a natureza do oceano com mais velocidade e mais conforto que qualquer outro transatlântico.

Diante da informação de que não chegariam e que mal havia barcos salva-vidas para as 2.223 almas, um dos presentes conclui com amarga ironia, mais ou menos assim:

– O senhor vai ter enfim a sua manchete.

Difícil e meio cruel apontar o dedo para culpados, dadas as tantas variáveis a serem consideradas e investigadas. Mas não não deixa de ser interessante especular sobre o contexto em que tragédias desse porte acontecem.

Assim como o sistema de castas da Inglaterra pariu uma nobreza arrogante capaz de atravessar a autoridade do comandante para ir lá embaixo na casa de máquinas dar ordens temerosas a maquinistas suados, é intelectualmente excitante imaginar como que nosso sistema de castas, 100 anos depois, opera para passar por cima dos protocolos.

Vivemos num país em que a nobreza dos grandes conglomerados cooptam agências reguladoras e desprezam advertências de órgãos reguladores, se valendo de uma máquina fiscal deficiente. E da ideia, algo temerária como acelerar no gelo, de que, se nenhuma tragédia aconteceu até agora, é porque não vai acontecer.

(Não à toa que, com agências cooptadas e órgãos reguladores engambelados, temos os maiores índices de acidentes de aviação do mundo.)

E se acelera a produção e os lucros, na crença do triunfo do homem sobre a natureza e de sua capacidade de domá-la se ela der de se irritar. E certamente também à espera da gloriosa manchete de que é capaz de se produzir mais esticando os limites da natureza.

Um dia a manchete chega. Não necessariamente como se esperava.

– Os senhores têm enfim a sua manchete.

Posts relacionados

  • A militância do “mas” na grande imprensa e o caso Jovem PanA militância do “mas” na grande imprensa e o caso Jovem Pan
  • O charme do poder instintivo e sem deslumbre das Leão, Danuza e NaraO charme do poder instintivo e sem deslumbre das Leão, Danuza e Nara
  • O Antagonista cresce, perde mordacidade e fica como a velha imprensaO Antagonista cresce, perde mordacidade e fica como a velha imprensa
  • Cena do filme Spotligh, e relação dos negros da imprensa com João de Deus e Flávio BolsonaroBuraco negro da Imprensa relevou pedofilia, João de Deus e rachid parlamentar
  • Discurso de Lula contra Lava Jato ecoa em Folha e VejaDiscurso de Lula contra Lava Jato ecoa em Folha e Veja
  • Chacina é mau negócio para República do PCC, a odebrecht do tráficoChacina é mau negócio para a República PCC, a Odebrecht do tráfico

Arquivado em: MÍDIA e PODER Marcados com as tags: análise de mídia, escândalos políticos, profissão de jornalista, relacionamento com imprensa

Sobre Ramiro Batista

Sou escritor e jornalista formado em Letras e Literatura, Comunicação e Marketing, experiente em escrever, editar, publicar, engajar e promover pessoas e ideias. Compartilho tudo o que sei sobre o uso de ferramentas de comunicação para conquistar e manter poder.

Reader Interactions

Comentários

  1. Carlos Santos diz

    1 de fevereiro de 2016 em 09:13

    Não existem ponderações a serem feitas diante da catástrofe provocada por tamanha incompetência e ganância: toda a diretoria da SAMARCO já deveria estar na cadeia, desde o dia da ocorrência.

  2. Marco Túlio de Oliveira Santa Rosa diz

    1 de fevereiro de 2016 em 08:14

    E mais; os políticos que retiram sua fatia inescrupulosamente, se escondem e se calam diante de fato catastrófico, causado por falta de fiscalização, liberações de documentos, permissões escusas e sabe-se lá mais o quê.
    Um dia, a casa cai, mas claro, nunca na cabeça dessa gente. A questão (da corrupção) é cultural e de educação primária.
    Boa semana!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sidebar primária

MAIS LIDOS

Gigante bobo e atrasado, Brasil deveria ter sido dividido em quatro

A Mente Moralista e sete desvantagens do discurso ideológico de Lula

Olavo de Carvalho de saias e à esquerda, Rita Von Hunty é estupenda

Comunicação ficou mais importante que arma e dinheiro para tomar o poder

Militância de direita se consolida e é principal adversário de Lula

Patrono da militância, Freire pode ter inspirado o anti senso crítico

Oratória e mente de Messias explicam poder hipnótico de Hitler

VEJA ARTIGOS DESDE 2010

MEU CANAL NO YOUTUBE

https://www.youtube.com/watch?v=UrQE4D29N3A

VEJA MAIS POSTS EM:

 Facebook Twitter LinkedIn Instagram

Footer

  • ESTE SITE
  • POLÍTICA DE PRIVACIDADE
  • LOJA DE LIVROS
  • MEU CONTATO

Copyright @ 2010-2020 - Ramiro Batista.