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Ramiro Batista

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Darwin e eu vamos à praia

31 de julho de 2012 por Ramiro Batista Deixe um comentário

Está provado cientificamente que mulheres jovens preferem homens de Porsche esportivo para relacionamentos rápidos e de Honda Civic para relacionamentos estáveis. Assim como, para ficar em carros, jovens impulsivos entre 18 e 34 anos interessados em demonstrar virilidade preferem um Hummer ou uma Hilux, camionetes de potência, torque e tamanho intimidador.

Minha amiga descolada de 30 anos, frequentadora de Barra e Trancoso, disse que não andaria com alguém que usasse Jet Bronze. O jato de protetor solar aplicado dentro de um box amarelo de plástico inflado, uma das maiores invenções da humanidade depois do pudim de leite condensado, desapareceu das praias do sudeste por uma acusação grave: breguice. Sobre Guarapari então, esse balneário de classe média baixa atolado de famílias tomando cerveja em lata com peroá na areia, último refugio do Jet Bronze, ela só admite conversar à distância, num barco em alto mar, de preferencia.

Pois cá estou eu, nesta cidade que já atraiu a dita classe A por conta de suas areias monazíticas, diante da bomba a jato do magrelo barbudo, pensando em Darwin Vai às Compras – Sexo, Evolução e Consumo , um grande livro de título sensacional sobre o enorme dispêndio da raça humana em consumo supérfluo para impressionar seus iguais.

O autor Geoffrey Miller, professor americano de psicologia evolutiva, procura explicar as motivações humanas pelo consumismo desenfreado com base na teoria de seleção natural de Darwin. Os seres humanos não seriam impulsionados para as lojas pela vaga teoria da busca de status ou alguma neurose infantil recôndita, mas pela necessidade biológica ancestral que os fazem pretender ser mais fortes, belos e aptos para buscar parceiros sexuais, atrair aliados e afastar concorrentes.

Os animais, na teoria do naturalista que mudou para sempre a concepção de formação do mundo, desenvolveram traços especiais que lhe deram preferência ou superioridade entre seus pares na dura luta pela sobrevivência através dos milênios. Como a juba assustadora do leão, as manchas marrons da vespa, a luz dos vaga-lumes ou a cauda do pavão. Homens e mulheres também desenvolveram atributos para se darem bem entre a espécie, físicos e/ou mentais: os seios, as nádegas e as cinturas femininas; as barbas, o pênis e a massa muscular dos troncos masculinos, bem como linguagem, humor, arte, música, criatividade, inteligência e afabilidade.

Só que o Marketing conseguiu a proeza de fazer com que os produtos se transformassem em referências mais fortes dos seres humanos do que seus atributos naturais, reais e atraentes. Minha amiga bonita, inteligente, afável e extrovertida desenvolveu os atributos que a fazem superior a muitas de suas iguais e a tornaram mais apta para atrair os machos alfa da espécie – inteligentes, afáveis, conscienciosos, de queixo proeminente, troncos largos e barriga tanquinho. Mas é bem provável que atribuirá seus dotes aos produtos de beleza ou as roupas de marca que comprou e medirá a procedência do parceiro simétrico que encontrou pelo relógio Rolex e a camioneta Hilux.

Assim como ela, não tenho plena consciência do que me move em direção a um Jet Bronze. Com família consolidada, não preciso guerrear por parcerias sexuais e estou mais para Honda Civic e Guarapari. Mas vou a restaurantes, bebo vinhos, compro livros de marketing e escrevo um blog que, de certa, é minha cauda de pavão. A meu modo, tenho a mesma necessidade biológica de sinalizar saúde, potência, inteligência, afabilidade ou o que seja, para ampliar minha base de aliados e desencorajar inimigos. Também sou escravo dos produtos e do consumo que me traduzem e me ajudam a sinalizar minhas aptidões.

Imperdível para os que, como eu, gostam de entender os processos de manipulação da mente humana. Para os estudiosos de Ciências Sociais, que, para o autor, não deram ainda a devida atenção ao poder do Marketing. E principalmente os publicitários, principal saco de pancadas do livro.

Em vários capítulos, ele disseca  as Seis Características Centrais que um século de psicologia catalogou sobre o comportamento humano – Inteligência Geral, Abertura para a novidade, Conscienciosidade, Afabilidade, Estabilidade e Extroversão – para mostrar por que os marqueteiros não interessaam aprofundar em seu conhecimento.

Voltarei ao tema.

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Sobre Ramiro Batista

Sou escritor e jornalista formado em Letras e Literatura, Comunicação e Marketing, experiente em escrever, editar, publicar, engajar e promover pessoas e ideias. Compartilho tudo o que sei sobre o uso de ferramentas de comunicação para conquistar e manter poder.

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