Cinco razões por que a presidente não deveria ter cogitado de plebiscito

Por que a presidente não deveria ter inventado essa história do plebiscito?

1. Porque nada passa no Congresso goela abaixo, principalmente depois que ela tentou jogar a sociedade contra ele.

2. Porque os deputados não deixarão aprovar nada com que não concordem. Num plebiscito, mobilizarão seus prefeitos e derrubarão as teses que não lhes interessa. Voto distrital, por exemplo, duvide que passe, porque a maioria não costuma se eleger só com o voto de seus distritos e precisa comprar voto no Estado inteiro para compensar.

3. Em qualquer democracia, o presidente mobiliza suas bases e faz valer suas teses. Para isso, foram eleitos: tornar seus propósitos e suas propostas de campanha dentro do parlamento, por convencimento. Se defende voto em lista fechada de candidatos e financiamento público de campanha, a presidente deveria mobilizar sua base para aprová-los, com lábia, verba ou cargos, como é comum no nosso sistema. Se pode comprar votos para outras causas, por que não para essa?

4. Se acredita de fato que lista fechada de candidatos melhora o nível de representação, porque responsabiliza o partido por suas escolhas, e financiamento público reduz a corrupção, ela deveria gastar seu tempo, sua publicidade e seus discursos na TV para defender isso. Acreditar que, se o PT quer, é direito dele. Se foi eleita por ele e entende que ele representa a vontade da maioria do eleitorado, que defenda-o. Não pode e não deve se esconda atrás de cortinas de fumaça.

5. Mas se está convencida de que os descalabros do sistema político está na raiz da corrupção e de todas as demais queixas das ruas, que explique isso claramente, à sua base, a seus aliados, ao distinto público que paga a conta. Seu padrinho, que é ótimo de lábia, pode ajudar muito.