Bolsonaro poderia suprir falta de vacina com mea culpa e informação

Pressão por vacinas ignora que laboratórios não têm para pronta entrega, mas presidente poderia camuflar seus erros com mea culpa ao invés de ficar culpando inimigos

A seu jeito brucutu, Bolsonaro parece querer dizer que não se acha vacina agora, para pronta entrega. A não ser “na casa da tua mãe”.

De fato, a pressão de todos os lados para que o governo entregue vacinas ignora que nenhum dos laboratórios abordados e acordados está dando conta.

O que se ouve e lê é que entregarão alguma coisa no primeiro semestre, mais no segundo e tudo talvez até dezembro.

A Fiocruz não entregou e parece que não vai entregar uma só dose em março. Não fosse a Coronavac de, sim, Doria, estaríamos no pior dos mundos.

Mas o presidente poderia desanuviar o clima e contribuir para espalhar algum otimismo, mesmo precário, se prestasse informação correta e defendesse o mínimo que é consenso mundial: máscara, isolamento e lockdown onde for necessário.

Ao invés de ficar cassando inimigos para camuflar sua responsabilidade. 

No mínimo, faria uma campanha de conscientização de rádio e TV, como a que fez o governo do Mato Grosso do Sul (veiculadas também pelos governos gaúcho e paulista) e a que fazia o Ministério da Saúde nos tempos de bom senso nacional.

Melhor ainda seria fazer um mea culpa pelo maior de seus erros, fatal, de ter apostado numa vacina única. E ainda mais na da Fiocruz capenga, comprando briga com São Paulo.

Mas seria pedir demais para quem é incapaz de se manifestar em público a não ser para eleger inimigos e alimentar conflitos. E teria que ter coragem e inteligência suficiente para negar o que alimentou nas suas redes sociais.

Desmarcou os dois pronunciamentos em rede nacional que faria na última semana, porque, certamente, não teria coragem de confrontar seus fanáticos para fazer o que fazer os presidentes nos momentos de maior tragédia de seus povos.

Como se sabe, desde o início, governa para sua minoria.

>>> Veja o vídeo da campanha encomendada pelo governo do Mato Grosso do Sul, que deveria ter sido feita pelo governo federal: