• Skip to main content
  • Pular para sidebar primária
  • Pular Rodapé

Ramiro Batista

Política, Comunicação e Escrita Criativa

  • MEUS ARTIGOS
    • POLÍTICA & PODER
    • MÍDIA e PODER
    • ESCRITA CRIATIVA
  • MEUS LIVROS
  • MEU SITE
  • MEU CONTATO

Bolsona escolhe pior das alternativas para calar denúncias sobre Covaxin

24 de junho de 2021 por Ramiro Batista Deixe um comentário

Entre ficar calado ou o “não sabia” sobre provas difíceis de contestar, contra-ataca na pressa de desqualificar o mais forte indício de corrupção no governo

Confesso que esperava três reações diversas da que Bolsonaro acabou tomando para enfrentar a mais séria denúncia de corrupção que ronda seu governo, a da compra superfaturada, intermediada e apressada da vacina Covaxin.

Imaginei que, pelos padrões tradicionais da política brasileira, iria abrir um ritual de “não sabia”, a partir do depoimento na CPI do deputado Luiz Miranda, seu admirador, que o teria advertido da tramoia, superficialmente em janeiro e com mais detalhes em março.

Ou, pelos padrões tradicionais de Bolsonaro, reagir a seu conhecido estilo diplomático de betoneira colérica para negar que o contrato tenha sido efetivado (nada foi entregue, é verdade) e acusar meio mundo, incluídas CPI e imprensa, de perseguição. 

Ainda havia uma terceira hipótese, ainda que quase impossível a seu modo, de ficar calado até o esgotamento da estridência da denúncia por ela mesmo, diante de que o contrato não foi consumado. 

Menos a quarta, não muito estranha aos padrões de seu governo e de sua máquina de propaganda, de plantar uma versão, ainda que absurda e conspiratória, para confundir.

Até porque este é o caso em que não parece haver uma versão alternativa. Há provas e denúncias dentro de casa. A versão que deu base ao ataque ao deputado e seu irmão, na coletiva do ministro Onyx Lorenzoni ontem, não durou duas horas.

A própria empresa investigada admitiu que não é falsa a nota fiscal apresentada pelo funcionário do Ministério da Saúde e irmão de Miranda, Luiz Ricardo, como indício de fraude. Um pouco pior, ela revela que havia uma segunda empresa intermediária na jogada, na Índia, a exportadora Madison.

Até ontem, ainda se poderia trabalhar com a primeira e mais tradicional versão do “não sabia”, que parecia estar se encaminhando com o depoimento do deputado nesta sexta-feira. 

Ainda que parecesse suspeito de que tivesse se oferecido para ser ouvido pelos senadores só agora, depois do vazamento do áudio de Luiz Ricardo sobre as pressões de gente do governo para apressar a importação, ao mesmo tempo em que se fazia corpo mole para fechar contratos com outros laboratórios.

Por essa versão, ele alertou Bolsonaro de que havia alguma coisa errada em janeiro e denunciou que a coisa se efetivava em março. Tinha a ilusão de que o contrato ainda poderia ser desfeito pelo presidente que admira e defende. Como parece que não foi ouvido ou o foi protocolarmente, também não insistiu, não cobrou com mais veemência e nem denunciou antes do vazamento. 

Pode-se dar o benefício da dúvida de que o presidente soubesse ou de sua certeza de que ele ainda paralisaria o processo. Já que, segundo suas palavras na entrevista ao site O Antagonista, Bolsonaro teria agradecido a colaboração e admitido que o caso era “grave, muito grave”.

A versão dependia de alta dose de boa vontade. No janeiro em que alertou de que “algo muito suspeito” estaria acontecendo, Jair Bolsonaro passou a mão no telefone, não na sua presença, e ligou para intervir pela vacina para ninguém menos que o primeiro ministro da Índia, Narendra Modi.

Num dia em que, muito ao acaso, andava por lá Francisco Maximiano, sócio da empresa interessada na intermediação, a Precisa, e da Global Medicamentos, já enrolada em venda de produtos pagos e não entregues ao Ministério da Saúde. E onde, sabe-se agora, existia uma segunda intermediária, a Madison, que ajudou a onerar o preço da vacina.

Mais que isso, pelo que também se sabe, Bolsonaro havia dado aval para a contratação especial ainda no meio do ano passado, quando imprecava contra a Coronavac de João Doria e acusava o imunizante da Pfeizer de condições contratuais leoninas e efeitos de jacaré.

É muito indício para que o governo tivesse optado pela pior das alternativas, na pressa de afastar qualquer sugestão de corrupção no seu governo.

Deveria ter tentado o eficiente e velho modelo de ficar calado ou dizer que “não sabia”.

Como já escrevi aqui, é a bala de prata contra o que resta de sustentação de seu discurso de honorabilidade, que o faria em tese diferente dos demais políticos. Até então, era acusado de coisas piores, mas imateriais. Não de roubo, algo que nossos costumes políticos condenam mais do que bater em mãe.

Como ensina a história, desde que Carlos Lacerda inaugurou o assassinato de reputações como estratégia eleitoral, nos anos 50 contra Getúlio Vargas, a corrupção virou o argumento mais eficiente — e infalível — para encurtar o processo de desmoralização do oponente.

O PT o usou com maestria contra Collor de Mello, no início dos 90, e foi sua maior vítima em igual ou pior medida, em meados da última década, no turbilhão de denúncias da Lava-Jato que resultou no impeachment de Dilma e na eleição de Bolsonaro.

A ponto de, quase sempre, ofuscar suas intenções e outros defeitos piores dos denunciados. Prender Getúlio, Collor ou Lula nunca foi o principal objetivo. Assim, como se viria a saber, ser corrupto não era o pior de nenhum dos três. Nem, como se sabe, de Bolsonaro.

>Publicado no Estado de Minas, em 24/6/2022

Posts relacionados

  • Prova de tratamento precoce é segunda bala de prata da CPI em BolsonaroProva de tratamento precoce é segunda bala de prata da CPI em Bolsonaro
  • Novo ET dos debates e estratégia que pode provocar segundo turnoNovo ET dos debates e estratégia que pode provocar segundo turno
  • Bolsonaro tenta à última hora e em vão mudar DNA de encrenqueiroBolsonaro tenta à última hora e em vão mudar DNA de encrenqueiro
  • Treze sacadas do panorama eleitoral a partir da onda de violência política Treze sacadas do panorama eleitoral a partir da onda de violência política 
  • O fator sudeste para Bolsonaro e a ideia de coesão ainda viva da rainha morta O fator sudeste para Bolsonaro e a ideia de coesão ainda viva da rainha morta 
  • Terceira via respira e pode ajudar empurrar eleição para segundo turnoTerceira via respira e pode ajudar empurrar eleição para segundo turno

Arquivado em: POLÍTICA & PODER Marcados com as tags: campanhas eleitorais, discurso político, eleição 2022, escândalos políticos, políticos e candidatos

Sobre Ramiro Batista

Sou escritor e jornalista formado em Letras e Literatura, Comunicação e Marketing, experiente em escrever, editar, publicar, engajar e promover pessoas e ideias. Compartilho tudo o que sei sobre o uso de ferramentas de comunicação para conquistar e manter poder.

Reader Interactions

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sidebar primária

MAIS LIDOS

Gigante bobo e atrasado, Brasil deveria ter sido dividido em quatro

A Mente Moralista e sete desvantagens do discurso ideológico de Lula

Olavo de Carvalho de saias e à esquerda, Rita Von Hunty é estupenda

Comunicação ficou mais importante que arma e dinheiro para tomar o poder

Militância de direita se consolida e é principal adversário de Lula

Patrono da militância, Freire pode ter inspirado o anti senso crítico

Oratória e mente de Messias explicam poder hipnótico de Hitler

VEJA ARTIGOS DESDE 2010

MEU CANAL NO YOUTUBE

https://www.youtube.com/watch?v=UrQE4D29N3A

VEJA MAIS POSTS EM:

 Facebook Twitter LinkedIn Instagram

Footer

  • ESTE SITE
  • POLÍTICA DE PRIVACIDADE
  • LOJA DE LIVROS
  • MEU CONTATO

Copyright @ 2010-2020 - Ramiro Batista.