• Skip to main content
  • Pular para sidebar primária
  • Pular Rodapé

Ramiro Batista

Política, Comunicação e Escrita Criativa

  • MEUS ARTIGOS
    • POLÍTICA & PODER
    • MÍDIA e PODER
    • ESCRITA CRIATIVA
  • MEUS LIVROS
  • MEU SITE
  • MEU CONTATO

Até que ponto Tancredo Neves e seu tempo eram diferentes

21 de maio de 2017 por Ramiro Batista Deixe um comentário

Até que ponto Tancredo e seu tempo eram diferentes
Tancredo com Andrea e Aécio, em 1984, no meme que viralizou: o avô é visto como referência de um tempo em que os políticos pareciam mais puros (Foto Cedc / FGV)

Tancredo de Almeida Neves tinha cuidados quase doentios para evitar julgamentos que pudessem conspurcar sua biografia. Foi de vereador a presidente morto na véspera da posse, pisando em ovos numa jornada por todos os postos relevantes da vida pública, porque conhecia bem as maldades da natureza humana.

Quando a companheira de cinquentanos, dona Risoleta, sugeriu levar os tapetes da família para o Palácio da Liberdade, onde tomaria em posse em janeiro de 1983, desaconselhou, temendo o risco de ser mal interpretado no futuro:

— Ninguém vai ver entrar, mas todo mundo vai ver sair.

Num tempo em que os gravadores do tamanho de um tijolo não cabiam no bolso, desconfiava dos telefones.

— Telefone é só para marcar encontro. E não ir.

Por conta de sua fama de político antigo, da cepa de luminares como Milton Campos e Juscelino Kubitscheck, que gostavam mais de articulação do que de fazer negócios, é volta e meia citado como exemplo moral quando seu neto famoso cai em derrapadas de quem gosta mais de negócios do que de articulação.

Eu mesmo já escrevi sobre esse caso do tapete quando ele caiu no descuido de mandar asfaltar um aeródromo com dinheiro púbico para chamar de seu, perto da fazenda da família.

Nesta semana em que foi gravado pedindo dinheiro, e não votos, ao dono da JBS, que pode pôr fim à carreira que o avô lhe delegou, fez sucesso o meme em que o velho aparece ao lado dos netos famosos — um gravado e a outra presa — fazendo o papel de avô impoluto com netos traquinas:

— Risoleta, vem ver o que os meninos aprontaram — diz a legenda.

O ótimo Josias de Souza, do Uol, lembrou ontem a frase que bem caberia ao neto, se tivesse mais cuidado, quando se encaminhava para a sexta das sete cirurgias que não conseguiram domar as bactérias cruéis que puseram fim a tudo que havia construído numa carreira penitente de 40 anos de vida pública:

— Eu não merecia isso.



Boa vontade da imprensa

Interessante, grandes jogos de palavras, mas é um tanto temerário acenar para aquele pedaço de história como se fosse um tempo de homens puros de um política de alta classe.

Tancredo Neves havia enfrentado Paulo Maluf, um tipo de diabo pintado pela imprensa como outro sinônimo de corrupção, em vista de seus meios pouco ortodoxos de aliciar deputados. Para isso, porém, se aliara a outros diabos menores mas de passado também discutíveis, do então PFL: José Sarney, Aureliano Chaves, Antônio Carlos Magalhães.

Para ser eleito por via indireta no Colégio Eleitoral com 480 dos 660 parlamentares, dois meses antes, usara mais que lábia e malabarismo articulatório.

Não se registrou que comprava deputados em dinheiro vivo, mas contava com argumentos mais, digamos, sensíveis do mundo empresarial para convencê-los por outros modos. Suas companhias inseparáveis de articulação de bastidores naqueles dias eram o industrial Antônio Ermírio de Morais e o banqueiro Olavo Setúbal Setúbal

E boa vontade da grande imprensa. Naqueles tempos em que todas as forças políticas importantes estavam todas de um só lado contra os militares, inclusive o PT que não votou mas não atrapalhou, a campanha indireta foi como a da eleições diretas que havia mobilizado o país oito meses antes.

Nela havia um diabo, Maluf, cujos atos e correligionários eram vasculhados com lupa. E um santo, Tancredo, cujos passos e alianças eram vistos como missão.

O que, tudo somado, significa que não se trata em essência de grande diferença entre os políticos de ontem e de hoje, mas de uma questão de escala e de vontade dos veículos de comunicação, hoje empurrados por uma rede social sem rosto.

De uma classe política que avançava ainda na coalização com os empresários de nosso capitalismo estatal, que vinha desde que os empreiteiros entregavam menos caminhões do que o contratado nas obras de Brasília.

Posts relacionados

  • Todos os ministros jogam e Justiça fica por último no STF Futebol Clube Todos os ministros jogam e Justiça fica por último no STF Futebol Clube 
  • Prova de tratamento precoce é segunda bala de prata da CPI em BolsonaroProva de tratamento precoce é segunda bala de prata da CPI em Bolsonaro
  • Impeachment de Moraes expõe problemas do inquérito das fake newsImpeachment de Moraes expõe problemas do inquérito das fake news
  • Algoz de Bolsonaro, STF também comete excessos inconstitucionaisAlgoz de Bolsonaro, STF também comete excessos inconstitucionais
  • Bolsona escolhe pior das alternativas para calar denúncias sobre CovaxinBolsona escolhe pior das alternativas para calar denúncias sobre Covaxin
  • Desespero de Bolsonaro pode ter relação com compra suspeita de vacinaDesespero de Bolsonaro pode ter relação com compra suspeita de vacina

Arquivado em: CULTURA & COMPORTAMENTO, MARKETING POLÍTICO, POLÍTICA & PODER Marcados com as tags: escândalos políticos, políticos e candidatos

Sobre Ramiro Batista

Sou escritor e jornalista formado em Letras e Literatura, Comunicação e Marketing, experiente em escrever, editar, publicar, engajar e promover pessoas e ideias. Compartilho tudo o que sei sobre o uso de ferramentas de comunicação para conquistar e manter poder.

Reader Interactions

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sidebar primária

MAIS LIDOS

Gigante bobo e atrasado, Brasil deveria ter sido dividido em quatro

A Mente Moralista e sete desvantagens do discurso ideológico de Lula

Olavo de Carvalho de saias e à esquerda, Rita Von Hunty é estupenda

Comunicação ficou mais importante que arma e dinheiro para tomar o poder

Militância de direita se consolida e é principal adversário de Lula

Patrono da militância, Freire pode ter inspirado o anti senso crítico

Oratória e mente de Messias explicam poder hipnótico de Hitler

VEJA ARTIGOS DESDE 2010

MEU CANAL NO YOUTUBE

https://www.youtube.com/watch?v=UrQE4D29N3A

VEJA MAIS POSTS EM:

 Facebook Twitter LinkedIn Instagram

Footer

  • ESTE SITE
  • POLÍTICA DE PRIVACIDADE
  • LOJA DE LIVROS
  • MEU CONTATO

Copyright @ 2010-2020 - Ramiro Batista.