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Ramiro Batista

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Chapecó chora por si mesma ao velar o exército de sua identidade

4 de dezembro de 2016 por Ramiro Batista 1 comentário

Chapecó chora por si mesma ao velar o exército de sua autoestima
A volta da guerra em caixões do exército que era a identidade, espelho de superação e razão de existência de Chapecó (Foto Beto Barata / PR)

Já se escreveu que os jogos olímpicos foram inventados para canalizar o instinto humano para a guerra. Transferiam-se para as arenas e os estádios, com varas e bolas, o ímpeto de conquista que se dava bom bigas e lanças, depois fuzis e metralhadoras, nas trincheiras.

Nos tempos de paz, as equipes esportivas substituíram os exércitos como instrumento de defesa e afirmação dos povos. Que por sua vez projetaram e confundiram nelas sua identidade, suas aspirações e seus fracassos.

A expressão “complexo de vira-lata” veio dessa confusão. Num artigo clássico, Nelson Rodrigues a cunhou para dizer que o país caboclo havia superado o seu complexo de inferioridade histórico ao humilhar os brancos suecos na final da Copa de 1958.

O Chapecoense parece ter sido esse exército, o espelho em que o povo de Chapecó projetou sua identidade e seus sonhos.

Ir, lutar, vencer, foi parte de sua expressão de poder, sua necessidade de superação e quase sua razão de existência. Não é outra a explicação para o choro compulsivo sem distinção de raça, credo e posição, na manhã chuvosa em que voltou dentro de caixões da guerra, pondo fim a essa aliança feita então de suor, risos e lágrimas.

Porque, se ir e vencer engorda o ego, perder e — pior — voltar morto é uma pancada sem tamanho na autoestima.

Quando mais se a derrota não se dá por uma razão lógica, em que é possível racionalizar o resultado. Mas pela trapaça do destino que, por vezes, por uma fração de segundo, atua como um juiz incompetente que marca um pênalti inexistente que destrói a moral de exércitos inteiros.

Desastres de avião são a melhor metáfora desse tipo de desonestidade, porque se dão, ao final, por uma bobagem: a alavanca do reverso que ficou puxada, o piton que acabou congelado, o radar de aproximação que não foi acionado, o pouco de combustível que deixou de ser colocado, a palavra mais dura que não foi dita com a torre. A diferença entre a felicidade e a tragédia, a salvação ou a morte de algumas dezenas, é um mero ato do acaso na mão descuidada de uma única pessoa.

Derrotas sem explicação levam mais tempo para ser digeridas do que o resultado injusto da final de um campeonato. Mais do que seria razoável para racionalizar, respirar e retomar a vida. Porque não é um soco eventual no estômago, um carrinho desonesto na grande área, mas uma pancada na alma.

De pouco adianta tentar nos consolar com o discurso que o problema não é nosso, que não somos menores porque nosso exército perdeu, porque dói de qualquer jeito.

Será preciso recriar esse exército e construir com ele a nova estima. Sem nunca deixar de ver no rosto de cada um dos novos o dos que tombaram na guerra estúpida que o destino venceu.

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Sobre Ramiro Batista

Sou escritor e jornalista formado em Letras e Literatura, Comunicação e Marketing, experiente em escrever, editar, publicar, engajar e promover pessoas e ideias. Compartilho tudo o que sei sobre o uso de ferramentas de comunicação para conquistar e manter poder.

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Trackbacks

  1. Comunicação mitigada derrubou um Avianca como o da Chapecoense disse:
    6 de julho de 2020 às 09:16

    […] Sem o piloto automático que calibra a velocidade nessas situações, eles arremeteram para mais uma volta temerária e um diálogo que lembra bem o último da torre de comando com o avião que levava o time de Chapecó. […]

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