• Skip to main content
  • Pular para sidebar primária
  • Pular Rodapé

Ramiro Batista

Política, Comunicação e Escrita Criativa

  • MEUS ARTIGOS
    • POLÍTICA & PODER
    • MÍDIA e PODER
    • ESCRITA CRIATIVA
  • MEUS LIVROS
  • MEU SITE
  • MEU CONTATO

O lado bom dos homens maus dos seriados americanos

10 de setembro de 2013 por Ramiro Batista Deixe um comentário

Frank Underwood, de House of Cards: “Não há consolo acima ou abaixo, só nós, solitários, pequenos, lutando, batalhando ou qualquer outra coisa. Eu rezo por por mim, para mim mesmo.”

Frank Underwood, o congressista inescrupuloso que manipula todo mundo em House of Cards, a série com que a presidente Dilma Roussef acabou de se deliciar, é de uma linhagem de grandes homens maus das séries americanas.

Pode-se dizer que ela começa em

– Tony Soprano, o mafioso que mata e manda matar em Família Soprano;

passa por

– Nucky Thompson, prefeito e chefe do crime organizado na Atlantic City dos anos 20, em Boardwalk Empire;

e chega a

– Walter White, um pacato professor de química que resolve fabricar e traficar drogas para deixar dinheiro para família, assim que se descobre com uma doença terminal, em Breaking Bad.

Têm em comum o fato de estarem na meia-idade e numa crise em que precisam dar a última guinada na vida, antes que seja tarde.

Maduros e insatisfeitos, têm pleno domínio do que é preciso ser feito, mesmo sendo errado, e não temem correr riscos ou têm até certo prazer neles. E como todo mafioso que se preza, fazem o que pode para garantir a paz e o futuro da família.

Nucky Thompson, de Boardwal Empire: “Se você quer ser um gangster na minha cidade, você precisa pagar pelo privilégio.”

Num ótimo artigo sobre eles para a revista Época, Danilo Venticinque lista outros quatro com a mesma pegada e diferentes graus de maldade:

– Gregory House, o médico irascível e viciado em drogas de House, que não vê muito sentido no trabalho de salvar vidas;

– Dexter Morgan, o investigador policial de Dexter, que mata em série assassinos não alcançados pela Justiça;

– Rick Grimes, o xerife de Walking Dead que vai perdendo a humanidade à medida que lidera um grupo de sobreviventes a uma epidemia de zumbis; e

– Don Draper, o publicitário brilhante de Mad Men, mulherengo e autoritário, de ar entediado e uma preguiça enorme com tudo.

Também em comum têm o fato de que são amados pelos telespectadores. E entender por quê é a razão do artigo de Venticiquine, inebriado pelos 54 episódios de Breaking Bad, que consumiu numa enfiada, parando apenas para trabalhar, comer e ir ao banheiro, num tipo de vício que vem se tornando cada vez mais comum depois da possibilidade de se ver tudo de uma vez nos sites de filmes sob demanda, como o Netflix.

Por quê?

Não é apenas, como ele lista,

– pela necessidade humana inconsciente de largar tudo e fazer algo errado em algum ponto da vida;

– pela extraordinária qualidade técnica dos seriados, pequenas obras-primas elaboradas sem pressa, resultado do investimento pesado das redes de TV a cabo como a HBO, que não dependem de anúncios;

– pela excelente qualidade dos roteiros, resultado da atração para a TV da nata dos roteiristas de Hollywood, sufocados pela imposição de agradar ao público multifacetado do cinema, segundo regras de marketing.

Walther White, de Braking Bad: “Eu venci.”

Mas, certamente, como ele conclui, pela feliz oportunidade de se dar a veteranos roteiristas a oportunidade de exorcizar, eles mesmos, suas crises de meia-idade. A história da maioria é de sujeitos frustrados pelas regras comerciais dos estúdios de produção em massa, ambiciosos por fazer alguma coisa fora dos padrões no melhor ponto de suas vidas, produzir obras autorais e emprestar o melhor de suas frustrações na consolidação lenta de seus grandes personagens.

Visto assim, não é que sejam maus. São humanos e mexem com que o que de há mais fundo e imutável na raça. Que a presidente da República entenda isso com Frank Underwood.



Posts relacionados

  • Roteiro de Peaky Blinders é trama clássica e vigorosa de máfia
  • Pour Cent e o charme de desnudar astros reais em história semi-ficcionais
  • O Mecanismo simplifica Lava Jato por discurso de PadilhaO Mecanismo simplifica Lava Jato por discurso de Padilha
  • Black Mirror explora nosso medo do futuro da novas tecnologiasBlack Mirror explora nosso medo do perigo das novas tecnologias
  • Série The CrownCinco recursos de novela por trás do sucesso de The Crown
  • Dois pontos de vista tornam história banal de The Affair em roteiro inquietante

Arquivado em: ESCRITA CRIATIVA Marcados com as tags: escrever seriado, melhores roteiristas

Sobre Ramiro Batista

Sou escritor e jornalista formado em Letras e Literatura, Comunicação e Marketing, experiente em escrever, editar, publicar, engajar e promover pessoas e ideias. Compartilho tudo o que sei sobre o uso de ferramentas de comunicação para conquistar e manter poder.

Reader Interactions

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sidebar primária

MAIS LIDOS

Gigante bobo e atrasado, Brasil deveria ter sido dividido em quatro

A Mente Moralista e sete desvantagens do discurso ideológico de Lula

Olavo de Carvalho de saias e à esquerda, Rita Von Hunty é estupenda

Comunicação ficou mais importante que arma e dinheiro para tomar o poder

Militância de direita se consolida e é principal adversário de Lula

Patrono da militância, Freire pode ter inspirado o anti senso crítico

Oratória e mente de Messias explicam poder hipnótico de Hitler

VEJA ARTIGOS DESDE 2010

MEU CANAL NO YOUTUBE

https://www.youtube.com/watch?v=UrQE4D29N3A

VEJA MAIS POSTS EM:

 Facebook Twitter LinkedIn Instagram

Footer

  • ESTE SITE
  • POLÍTICA DE PRIVACIDADE
  • LOJA DE LIVROS
  • MEU CONTATO

Copyright @ 2010-2020 - Ramiro Batista.