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Ramiro Batista

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Uma dança para dois no belo roteiro de Hope Springs

23 de outubro de 2012 por Ramiro Batista

De camisola azul decotada, as marcas do tempo visíveis na pele sem maquiagem, Meryl Streep se ajeita no espelho logo na abertura de Um Divã para Dois . Toca o cabelo, alisa o rosto, mede se está suficientemente apresentável ou desejável para a tarefa difícil a enfrentar: ir até o quarto do marido tentar derrubar o iceberg que o burocratismo de 31 anos de casamento ergueu entre os dois.

Arqueado, barriga proeminente, as marcas do tempo traduzidas na carcaça sempre franzida e mal humorada, Tommy Lee Jones se ajeita, dobra e desdobra a perna, recosta-se, projeta-se para a frente, não sabe onde põe mão, coça-se, cospe com dificuldades as palavras, é todo porco-espinho em chapa quente no sofá diante do psicólogo de casais a que chegaram para tentar um jeito numa relação encroada.

Esse pax-de-deux de dois extraordinários atores em sua maturidade – e sem medo de mostrar os estragos que a vida fez em suas anatomias – é a grande força desse filme doce de travo amargo que a distribuidora brasileira está vendendo como comédia em trailers e no título metido a engraçadinho ( Hope Springs , no original). Mas é daqueles dramas sobre determinado ponto crítico da existência em que é urgente buscar um sentido para ela.

Aqui, sobre aquela fase meio trágica do casamento em que homem e mulher se tornam dois estranhos dentro de casa e precisam superar o orgulho e anos de ressentimentos para se reencontrarem e construirem algo novo sobre os escombros.

É possível que não fosse tão leve sem deixar de ser forte, honesto e cheio de humanidade nas mãos de dois atores menores. É enxuto, redondo, sem gorduras, três personagens e alguns cenários internos, primeiro roteiro de cinema de uma competente roteirista de seriados ( Game of Thrones entre outros). Mas o diretor David Frankel parece ter um talento especial para tirar significados de grandes silêncios e deixar grandes atores dançarem com gosto, a ponto de transformar projetos aparentemente banais em peças de vigor, como fez com O Diabo Veste Prada .

Lá, a mesma Meryl Streep transformou em inferno a vida de Anne Hathaway, apenas com seus silêncios pesados e um mínimo de movimentos de face. Aqui, ele compõe uma pequena sinfonia para dois grandes bailarinos. Nos dois casos, um grande talento para fazer diferença na paisagem algo inóspita do cinema tiro e explosão de Hollywood.

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Sobre Ramiro Batista

Sou escritor e jornalista formado em Letras e Literatura, Comunicação e Marketing, experiente em escrever, editar, publicar, engajar e promover pessoas e ideias. Compartilho tudo o que sei sobre o uso de ferramentas de comunicação para conquistar e manter poder.

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