• Skip to main content
  • Pular para sidebar primária
  • Pular Rodapé

Ramiro Batista

Política, Comunicação e Escrita Criativa

  • MEUS ARTIGOS
    • POLÍTICA & PODER
    • MÍDIA e PODER
    • ESCRITA CRIATIVA
  • MEUS LIVROS
  • MEU SITE
  • MEU CONTATO

House of Cards pode ser didático sobre o terreno pantanoso da política

30 de março de 2013 por Ramiro Batista Deixe um comentário

Kevin Spacey, triturando amigos e inimigos, no sucesso da Netflix

Em House of Cards, a série da Netflix que se tornou o primeiro sucesso da internet, o deputado inescrupuloso vivido por Kevin Spacey interrompe vez ou outra um discurso ou uma conversa polida, olha para a câmera e conta para o telespectador suas reais intenções camufladas.

– Fulano não era nada disso – interrompendo um discurso elogioso de alguma figura histórica, para a câmera. – Era um bêbado e irresponsável. Mas se eu disser isso, não faz o menor sucesso.

Ou, no meio de uma conversa no Salão Oval da Casa Branca.

– Ele espera que eu recue, mas às vezes é preciso dizer não até para o presidente da República.

O recurso pode parecer simplório, demagógico e paternalista, por desdenhar da capacidade do telespectador de interpretar as intenções do roteiro, como aquele tipo de charge ruim que precisa de legenda para ser entendida. Mas acaba dando um toque divertido ao caráter desse grande personagem sem escrúpulos, que usa e abusa de quem lhe rodeia para atingir seus objetivos.

–      Só uso quem eu posso descartar – diz a um lobista de petrolífera a quem, como em vários outros casos, propõe alguma troca para derrubar alguém.

É possível que a dramaturgia política ainda não tenha conseguido, com tanta eficiência e essas legendas de cinismo, ser tão didática sobre a forma como opera esse castelo de cartas pantanoso onde todo mundo usa todo mundo, todas as barganhas embutem uma alta carga de dissimulação e todas as ações políticas, boas ou más, são transformadas em negócios.

–      Essa é uma cidade muito incestuosa – diz uma jornalista veterana para a estagiária esperta que está transando com o deputado, casado, para obter seus furos, na Washington que tem o mesmo jeito pantanoso da nossa Brasília.

Raro também que um drama político tenha conseguido traduzir tão bem temas complexos e de difícil tradução para a linguagem rápida da TV, em ação fulminante, personagens exuberantes e diálogos de esgrima. Talvez obra e graça do livro homônimo de Michael Dobbs.

Líder da maioria no Congresso que manipula todos os cordões, o inescrupuloso Frank Underwood foi rejeitado para o cargo de Secretário de Estado e precisa se cacifar para garantir os próximos passos de sua vingança. Que incluem tomar o lugar do vice-presidente e, num futuro, quem sabe, esvaziar o homem mais poderoso do país que lhe negou o cargo logo no início da temporada de 13 episódios, que estreou em fevereiro.

Para começar, ele tem que garantir a aprovação do projeto da reforma educacional que o presidente da República precisa exibir antes do fim dos primeiros 100 dias de governo, apesar das greves dos sindicatos, da desconfiança da imprensa, das dificuldades com a oposição, e, principalmente, das traições dos amigos.

Nesse ponto, aliás, em as disputas se dão no quintal de casa, entre os amigos, é que a série parece mais verossímil. Como em todos os governos em crise, não são os inimigos, a oposição ou a imprensa que causam os estragos. Mas os amigos contrariados ou perigosamente ambiciosos. Os quais é preciso adular, conquistar ou triturar, se preciso.

O que esse líder de governo faz com assustadora competência, sem trair um músculo da face, noutra interpretação arrebatadora de Kevin Spacey.



Posts relacionados

  • Tom Kane mostra os limites da força em PolíticaTom Kane mostra os limites da força em Política
  • Pour Cent e o charme de desnudar astros reais em história semi-ficcionais
  • Black Mirror explora nosso medo do futuro da novas tecnologiasBlack Mirror explora nosso medo do perigo das novas tecnologias
  • Série The CrownCinco recursos de novela por trás do sucesso de The Crown
  • Por que The Crown me fez querer ser monarquistaPor que assistir The Crown me fez querer ser monarquista
  • Dois pontos de vista tornam história banal de The Affair em roteiro inquietante

Arquivado em: COMO LER, CULTURA & COMPORTAMENTO, MARKETING POLÍTICO, POLÍTICA & PODER Marcados com as tags: escrever seriado, melhores roteiristas, melhores séries de TV, políticos e candidatos

Sobre Ramiro Batista

Sou escritor e jornalista formado em Letras e Literatura, Comunicação e Marketing, experiente em escrever, editar, publicar, engajar e promover pessoas e ideias. Compartilho tudo o que sei sobre o uso de ferramentas de comunicação para conquistar e manter poder.

Reader Interactions

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sidebar primária

MAIS LIDOS

Gigante bobo e atrasado, Brasil deveria ter sido dividido em quatro

A Mente Moralista e sete desvantagens do discurso ideológico de Lula

Olavo de Carvalho de saias e à esquerda, Rita Von Hunty é estupenda

Comunicação ficou mais importante que arma e dinheiro para tomar o poder

Militância de direita se consolida e é principal adversário de Lula

Patrono da militância, Freire pode ter inspirado o anti senso crítico

Oratória e mente de Messias explicam poder hipnótico de Hitler

VEJA ARTIGOS DESDE 2010

MEU CANAL NO YOUTUBE

https://www.youtube.com/watch?v=UrQE4D29N3A

VEJA MAIS POSTS EM:

 Facebook Twitter LinkedIn Instagram

Footer

  • ESTE SITE
  • POLÍTICA DE PRIVACIDADE
  • LOJA DE LIVROS
  • MEU CONTATO

Copyright @ 2010-2020 - Ramiro Batista.